Tenho cliente fiel ou leal?

 

 

“Atualmente as clientes estão sempre prontas para voar, como um grupo de aves nervosas numa plantação”.
Vamos começar com algumas questões básicas da crendice humana. “Você acredita em Papai Noel? E no Saci Pererê? E na existência do monstro do Lago Ness? E na mula sem cabeça? Que em Brasília, a maioria dos deputados e senadores está realmente defendendo os interesses do povo, e são honestos?”.

Certamente, todos nós já passamos da idade de acreditar em contos de fadas. Portanto, não acredite na fidelidade de uma cliente – isso não existe mais!

– Como não – Lucas? Você pode dizer, discordo! “Eu tenho vários exemplos de fidelidade de clientes, pessoas que está há muito tempo fazendo as unhas comigo, frequentando o salão que trabalho cortando o cabelo me dando preferência, por isso…”.

– Meu colega/minha colega, não acredite na fidelidade de clientes, isso como já disse, não existe mais. Aliás, fidelidade de cliente é igual virgindade. Até existe, ainda hoje é possível encontrar algumas, mas nunca dura muito tempo. Não me proponho a negar totalmente que não exista fidelidade ou virgindade, isso é um fato; é certo que há clientes que estão sempre freqüentando um mesmo salão, e dando preferência a um mesmo profissional, isso é uma realidade, e pode até ser a sua realidade.

– Então você diz: espera aí – Lucas, nesse caso o cliente não está sendo fiel?”

– Sim! Mas você tem se perguntado: por que essa cliente continua com você? Por outro lado, por que as clientes “ingratas” – aquelas que você tratou tão bem, por tanto tempo – de repente se foram e nunca mais voltaram? A culpa é delas ou sua? Do salão, talvez? Será que elas não encontraram uma alternativa melhor? Na verdade, não existe cliente “ingrata”; o que existe de fato é cliente buscando sempre melhores alternativas e, quando ela as encontra, troca, sem cerimônia, de profissional ou de salão.

Logo, o correto é dizer que determinada cliente “está fiel”, e não que ela “é fiel”. Fidelidade, como estado definitivo, não existe, nem nas relações de negócios, nem nos relacionamentos de parceiros (marido/mulher – namorado/namorada) e muito menos na relação cliente – profissional. O mito, o equívoco, é entender a fidelização como um estado permanente, uma posição definitiva das relações, quando na verdade, na realidade é um processo, e como tal mutável.

A fidelidade de uma cliente é um alvo móvel. Assim como a perfeição, a fidelização de uma cliente é uma meta que todos devemos buscar, sem perder a consciência de que ela nunca será atingida, pois é um alvo móvel, e de que a todo o momento estamos ameaçados de perder essa cliente. Isso não significa que não devemos buscar constantemente sua fidelidade.

Percebo um brilho diferente nos olhos dos participantes das palestras e seminários que ministro, quando afirmo que hoje, o cliente é o bicho mais infiel do mundo. A principio é frustrante: tomar consciência de que a pessoa que você está empenhado em satisfazer plenamente é infiel, nunca está satisfeita, está sempre exigindo mais. Quer entender melhor como é isso? Pense no seu casamento, no primeiro ano, e depois no terceiro, no quinto ano, no sétimo, no décimo… E compare o quanto a cada ano se tornou mais difícil seu marido/mulher satisfazê-la (lo), o quanto você se tornou mais exigente e atenta às falhas dele (a). Trata-se de uma tremenda decepção. Mas na realidade! Você e o seu salão podem estar oferecendo o melhor produto ou serviço do mundo, há muitos anos, mas, se de repente algum outro profissional ou salão (a concorrência incomoda, não?) começa a apresentar condições melhores, atendimento, serviços e relacionamento melhores, a cliente não vacila, troca de profissional ou de salão! Não adianta chamá-la de “ingrata”, ficar zangada amaldiçoá-la; isso só vai demonstrar sua falta de compreensão desse processo tão natural e que faz parte da natureza humana de seleção.

Quer um exemplo? Quando você vai à feira você escolhe os melhores ou piores legumes? Ah! E quanto à questão do casamento, a cada ano aumenta consideravelmente a chance de traição, após o 5º ano às chances são em torno de 70%.

A propósito, caro colega, que ninguém nos escute, cole o ouvido aqui, que eu vou falar baixinho. “Na condição de cliente ou consumidor” você não age exatamente da mesma forma? E não trata de ser ou não “Ingrata”. Trata-se de que cada um de nós, como ser humano, quer e busca, sempre, a alternativa que se mostra melhor para nós. É direito de cada um. Portanto, constitui um comportamento normal, e legítimo dos nossos direitos.

O cliente é o “bicho” mais infiel do mundo. Só há uma maneira de segurá-lo: encantá-lo permanentemente. Dia-a-dia. Nenhuma conquista é definitiva, inclusive, e principalmente, a de um cliente. A relação com um cliente deve ser a de um namoro eterno, vamos ver o que diz o dicionário sobre a palavra namoro (namoro: relação em que se busca surpreender sempre o parceiro; plena atenção, pleno encantamento) e depois, o casamento (ou “ajuntamento”, como queira). Nessa fase, tende a começar um processo de relaxamento progressivo (lembra quando pedi para você comparar o primeiro ano do seu casamento ou namoro, com os três ou cinco anos depois) com o cliente. Assim como no casamento ou um namoro longo, uma vez conquistado o parceiro (a), comete-se o equívoco da acomodação. E é ai que mora o perigo!

“… que seja infinito enquanto dure”.
Vinicius de Moraes

Em um mercado cada vez mais competitivo, e crescente, a cada dia nos vemos abrir novos salões em cada esquina, não há dúvida de que o comportamento da cliente está totalmente respaldado nos versus do poeta Vinícius e, aqui para nós, nosso cliente tem todo o direito do mundo de dizer “Minha fidelidade a você, é infinita, desde que você continue sendo a minha melhor opção”. Afinal, é ela que paga as suas contas e sustenta sua família não é mesmo? A propósito, quando sua cliente vai embora, muda de salão para fazer as unhas, cortar e pintar o cabelo ou outro serviço, você saberia dizer se ela foi ganha pela concorrência ou perdida por você?.

Finalizando e concluindo: “Qual é a diferença entre cliente fiel e leal?”. Lealdade é uma questão de gratidão, honra dignidade (qualquer filme da Máfia Italiana ilustra bem o conceito de lealdade, ou seja, o gangster morre pelo Capo), já a fidelidade… Bem, é só uma questão de conveniência. Aí você pode dizer: – peraí Lucas, então você está me dizendo, que o cliente fiel é sem escrúpulos? “Quando se diz respeito a alguém meter a mão no bolso dele sem respeito, é“.

Admilson Lucas Salvador atuou como cabeleireiro por 15 anos, estuda psicologia, administração e marketing. Já foi funcionário, gerente e dono de salão de beleza e já treinou mais de 9mil pessoas. 48. 99612.0758 salvadorpnl@hotmail.com

 

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Contrato de Prestação de Serviços : Ganhos passados não são garantia de ganhos futuros. Nessa carta nós apresentamos casos reais de alunos que obtiveram resultados concretos, mas em nenhum momento garantimos que você obterá os mesmos resultados. A obtenção de ganhos em valores específicos depende de fatores que fogem ao nosso controle. Nós assumimos aqui uma obrigação de fornecer os meios idôneos à obtenção dos ganhos expressos na proposta de venda, mas não assumimos nenhuma responsabilidade quanto ao resultado específico de cada caso concreto.

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